quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Caminhar é preciso

Eu tive uma infância nos anos 80 em que qualquer criança que soubesse minimamente o que era carro, falava que o sonho era ter um Gol GTI.
Gol GTI atualmente
Fonte
bizarricesautomotivas.blogspot.com
Passado o tempo, percebi que carro era o maior simbolo de sua independência da adolescência e também o famoso presente (para quem podia) para quem entrava na universidade. Todo mundo queria um carro. Todo mundo PRECISAVA tirar carta e ter um carro.
Meu pai não me ensinou a dirigir e muito menos me deixava tentar aprender. Isso só seria feito com 18 anos na auto escola (PAI você é meu herói e meu exemplo, e hoje acho que é isso mesmo). Pedalava muito e ia para todos os lugares de bicicleta.
Quando estava em Araraquara, e fiz 18 entrei na auto escola Brasília (pela minha pesquisa no oraculo ela ainda existe) e aprendi a dirigir em uma brasília branca.
Brasília orfã
Fiz 200 aulas e ainda por cima fui reprovada na primeira prova justamente na garagem de ré. Decepção, choro, agonia!!! Fiz a prova novamente e passei. Sem corrupção (controles internos na veia) e sem pular etapas.
Dirigia uma Belina gigantesca do meu pai até o dia em que subi em um monte de saibro (pesquisem) e atolei o carro em minha própria garagem. Papis achou que era melhor eu ter um carro pequeno e ganhei um Uno 90 usado vermelho : Tomatinho (eis que vc se lembra que tem um foto para posteridade).

Tomatinho que saudade!!
Muitas aventuras minha companheiras de Republica e eu vivemos com ele (nada digno de comentário na rede mundial) e ele me acompanhou em Sampa até ser trocado (snif:() por um palio vermelho que depois foi trocado por uma Strada vermelha (esta até hoje como carro do sitio do meu pai). Dirigi muito, demais, para todos os lugares de São Paulo. Já dirigi até no Mato Grosso!!
E cá estou divagando para dizer que hoje não tenho um carro somente meu. Temos um carro da família que fica com meu marido e eu sou uma caminhante.
O que era status, agora é fardo. Claro que acho lindo um Land Rover Evoque e só. Sou caroneira, adoro taxis e curto andar no coletivo.
Mas o que me deixa mais feliz ultimamente e poder usufruir da caminhada em todos os sentidos: escola do meu filho, manicure, supermercado, padaria, açougue, lojinhas, livraria, cinema e até shopping. Morando em um bairro acessível, me sinto estranha em ter que "pegar o carro".
Meu trabalho fica a exatos 4 quilômetros de casa o que me permitia voltar a pé. Permitia porque a ultima vez que estava feliz da vida caminhando, cai em um buraco. E botinha no pé:


Apesar de ter melhorado, ainda não voltei as caminhadas de volta do trabalho. Mas não estou desanimada, muito pelo contrario, estou cada vez mais empolgada em deixar o carro de lado. Falando seriamente, não tenho mais paciência nem vontade em dirigir.
Mesmo que ser caminhante em Sampa exige, não menos concentração que na direção, visto que a chance de ser atropelado até mesmo na própria calçada é grande.
Para doutrinar os motoristas impacientes criei até uma tática que eu mesmo batizei de Abbey Road: chego na faixa de pedestres, faço o movimento de parada com a mão (está na cartilha da prefeitura) e me jogo mas ando bem bem bem devagar (somente façam isso sozinhos, sem filhos ou idosos juntos)  e as vezes encaro o motorista com um olhar de ameaça. Sim, faço isso para criar uma cultura de pedestre no cidadão motorizado. Claro que posso morrer mas não se preocupem, não faço em cruzamentos suicidas (tipo o da frente da firma).


E minha próxima empreitada: usufruir das novas ciclovias SOU A FAVOR DAS CICLOVIAS EM SÃO PAULO. Obrigada!
E ai alguém me dá um carona da próxima vez?

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